quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Tristeza e tinta fresca

   Um vão. Eu entro. Não enxergo nada. Tá tudo escuro aqui.
   Dou um passo. A esmo. Sem Norte. Sul. Leste. Oeste.
   Não toco em nada. Não esbarro em ninguém.
   Mal sinto meus pés tocarem o chão (onde piso?).
   Silêncio. A cor? É preto. O breu completo. O cheiro? É de casa. Quente.
   Não há sinal de existência alguma. A solidão.
   Somente eu e Deus.
   Me bate uma angústia. Uma tristeza. Aquele aperto no peito.
   É assustador estar só consigo mesmo.
   Já não me pergunto onde estão todos. Eu só quero me encontrar.
   Percebi que não me perdi de ninguém. Mas de mim mesma.  
   Em algum lugar, me desencontrei de mim.
   Estou vagando sem rumo. Caminhando em todo lugar. Em todas as direções.
   Não há ninguém que eu queira encontrar.
   Somente a mim mesma.
   Somente a mim mesma.


Obs. Título do texto retirado da música Gentileza da grandiosa Marisa Monte.
    
     “Apagaram tudo. Pintaram tudo de cinza. Só ficou no muro tristeza e tinta fresca“.

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